29 junho 2010

Sugestão de leitura - AS CRIANÇAS APRENDEM

29 junho 2010 6
Levi Nauter



Quando a Lu e eu esperávamos a Maria Flor eu ficava nervoso, pensando em o que fazer para educar uma criança em vias de chegar. Certa vez, conversando com meu dentista que tem dois filhos, ouvi algo que considerei interessante – apesar de nenhuma novidade na essência:
- Levi, não te preocupes. Afinal, você ainda é filho. Portanto, toda a experiência que considera boa, repita; as negativas, esqueça!
Desde então esse tem sido meu exercício. A Maria Flor está com um ano e três meses. E tenho a nítida impressão de que minha filha estará adulta e eu ainda não saberei exatamente o que fiz e o que não fiz para educá-la. Porque a criança segue o seu rumo; ela está viva e vivendo, independentemente das minhas preocupações de pai. Como pai, quero que ela não sofra nada: não caia, não se fira, não chore. E a vida, no entanto, trará esses episódios a ela como forma inexorável de vivência, de aprendizagem. As minhas encucações têm lá suas importâncias, mas nada substituirá o meu exemplo. As minhas ações certamente darão corpo às minhas palavras. E até ao meu silêncio.
Em síntese é disso que trata um livro que adquirimos aqui em casa. Estávamos no supermercado e, de repente, uma capa chamou minha atenção. Os R$ 9,90 também – não é sempre que se adquire um livro razoável por dez reais. Coloquei-o no carrinho de compras. Cheguei em casa e comecei a devorá-lo.
As crianças aprendem o que vivenciam[1] foi inicialmente um poema, desde 1954. O que ocorreu e chegou até minhas mãos foi a transformação dos dezenove versos e capítulos. O poema de uma página tornou-se um livro de 142 páginas. O livro agora é a poesia em zoom
Nunca é demais, diga-se logo, ressaltar que o livro não traz novidades em si. É uma espécie de bate-papo com o leitor, como se estivéssemos numa palestra sobre experiências na criação de filhos e filhas. E isso sempre me remete ao famoso apóstolo São Paulo que dizia: “retenha o que for bom” (1 Tes. 5.21).
Fiz algumas anotações pelas páginas enquanto lia. Está bem interessante verificá-las na prática.


[1] As crianças aprendem o que vivenciam: o poder do exemplo dos pais na educação dos filhos, de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris, editora Sextante, 2009.



Sugestão de leitura - TEMPUS FUGIT

Levi Nauter



Enquanto no intervalo de uma formação pedagógica, acabo a leitura de um livreto[1] do sempre inquisitivo Rubem Alves. De fácil leitura, Tempus Fugit[2] é o típico texto que não obedece à cronologia, ou seja, pode ser lido, sem ordem, qualquer um dos vinte e um capítulos. Suas divagações também podem ser observadas sob outros ângulos, como veremos.
Na ótica psicanalítica estão registrados os nossos dilemas da vida:   angústia do tempo que não para; a feiura e a boniteza da vida; nossas peraltices na busca de soluções de problemas. Uma ótica que – nalguns momentos vai coadunar com os discursos dos partidos políticos (em época de campanha), embora não seja essa a intenção do autor – visa ao viver bem; viver melhor.
Sob a ótica cristã, talvez a mais óbvia, a começar pela editora, nota-se a insistência divina em apostar no ser humano. Não é à-toa que o Rubem sabe traduzir muito bem tal visão, pena que sua antiga denominação parecia odiar arte.
Mas também é possível ver Tempus Fugit pelo lado da escrita. Este, aliás, foi o que mais me ocorreu, inconscientemente. Vê-se, assim, que o texto não saiu ‘de vez’ mas é fruto de uma reflexão, bem como resultado de transpiração sobre um papel. Os escritos permitem-nos concluir que escrever deve ser um exercício cotidiano, diário. Sobretudo, um constante fazer-desfazer-refazer. Parece-me, jamais haverá texto pronto, acabado. Nós que não somos escritores profissionais carecemos retomar a palavra escrita como desafogo da correria da vida, toma-la como terapia. Tenho a impressão que é dessa forma que conseguiremos aumentar nossa capacidade de leitura e de expressão do pensamento. Lendo vamos aumentar nossa capacidade de percepção, nossa minuciosidade começará a vir à tona. Seria capaz de apostar que as pessoas do dito primeiro mundo leem mais porque, na mesma proporção, se expõem mais à palavra escrita.
Ler o Rubem Alves é também notar como um assunto aparentemente irrelevante pode provocar em nós uma reflexão. E mais: como concatenar as ideias a fim de que tenham sentido e sejam de proveito para outros leitores.
Resumindo, vale a pena ser lido. E logo. O tempo é curto.



[1] Livreto pelo número de páginas da obra e não pela eventual irrelevância.
[2] Tempus fugit, de Rubem Alves, editora Paulus. 



11 maio 2010

família feliz

11 maio 2010 1
Levi Nauter



Estavámos em um lugar especial,  comemorando  uma data especial, com pessoas especiais. Sobretudo, eu estava com os meus dois amores: a Lu e a nossa Maria Flor. Tenho razões para considerar-me um abençoado.  
Amo vocês duas.
 

02 maio 2010

sem sono

02 maio 2010 0
Levi Nauter



Sei lá por que, acordei às 4h da manhã e não consegui mais dormir. Fui para o computador tentar escrever algo a fim de atualizar meus blogs. A coisa não fluiu muito, minha internet é discada e a minha paciência tem pelo menos 10 mega de velocidade. Tomei um chá bem quente com bolacha de mel. Pesquisei algumas leis (esses concursos...). Estiquei-me, olhei para a janela. O dia raiava; o frio que não dissipava envolvia e dava mais charme.
Ao voltar para o escritório coloquei um CD recém adquirido. Um instrumental de primeira linha – ainda que com voz. Afinal, a voz não só pode como deveria ser idealizada como um instrumento. Faria muito melhor à musica se isso acontecesse. Fui direto a uma faixa do CD. Ela contava coisas do Rio Grande. O Rio Grande é minha pátria e fico feliz quando outros cantam suas belezas. No trabalho intitulado Piano e voz, a impecável Ná Ozetti dá vida às canções Queda d’água e Piazito Carreteiro, juntadas pela ‘costura’ de piano do instrumentista André Mehmari. Que bom foi (re)escutar nosso jeito.
Parabéns, André e Ná, pelo presente.
Piazito carreteiro
De bombacha remendada
Vai cantando pela estrada
A canção do boi barroso
Que a tradição lhe ensinou
Piazito carreteiro
Do cusco amigo e companheiro
Que nunca teve infância
Pois não pode ser criança
Porque a vida não deixou
E cantando lé se vai
Êra, êra, êra boi da ponta
Nos já “temo” chegando
E cantando lá se vai
Êra, êra, êra boi do coice
Segue o piazito cantando
Piazito carreteiro
Que ainda de madrugada
Sai repontando a alvorada
Lá pro fundo da invernada
Pra onde a noite se ausentou
Piazito carreteiro
Menino gaúcho, guapo
Simboliza nos seus traços
A legenda dos farrapos
Que a historia glorificou

A começar pelo começo, meu domingo promete....
Há, há, há, há


PS: aproveito para convidar-te para visitar meu mais novo projeto, outro blog. Chamar-se-á papos musicais (http://www.paposmusicais.blogspot.com/). Nele falarei da arte musical e seus entornos.
 


03 abril 2010

para quem tem memória curta

03 abril 2010 1

Levi Nauter


O que esperar de alguém que tornou-se escritor mas, antes disso, foi aluno de grandes mestres? Mestre como Alceu Amoroso Lima, Celso Cunha e Manuel Bandeira, entre outros. Só poderia dar em coisa boa a nós, leitores. Sua contribuição ao jornalismo dispensa comentários; trabalhou nos principais nomes da informação nàcional – foi de repórter a chefe de redação.
Lê-lo é como sentar perto daqueles senhores, cabeças brancas, que amam contar histórias de tempos remotos. Lê-lo é renovar a mente, aumentando mais um leque de informações importantes. Lê-lo é saber de um ângulo privilegiado sobre a nossa própria origem. É também lendo-o que podemos aprender que não há inspiração para a escrita, senão transpiração mesmo. Ele é o tipo de escritor que tira leite de pedra (se isso é possível).
A primeira obra que li dele foi da série Plenos Pecados. Coube a ele escrever sobre a inveja (disse ter sido o que sobrara de tema) e deu um título sugestivo: Mal Secreto[1]. no casting da série havia o Luis F. Veríssimo e João Noll, ainda assim a inveja me pegou. Então conheci o Zuenir.

Zuenir Ventura é especialista em falar sobre os nossos anos de chumbo, a ditadura militar. Tendo sofrido na próp´ria pele a perseguição e as tolices dos guardiões da lei, escreve para quem tem memória curta. Escreve para a posteridade saber o que houve e não repetir os mesmos erros. Escreve igualmente como liberação da memória, para acrescentar aquilo que nem em nota de rodapé de um jornal poderia aparecer.

Entre o final de 2009 e início de 2010, li Minhas histórias dos outros[2]. Um belo livro. Uma obra. Suas leituras, seu contato com a música, suas viajens, o contato com grandes nomes da política nacional e internacional e com os bam-bam-bans da arte, tudo está posto em letras de mestre. O texto é primoroso, em que pese a revisão ter deixado escapar a falta ou a troca de alguns caracteres.
Recomendo, sem medo, a leitura. Será bom para quem não viveu a época ali descrita. Será excelente para quem a viveu fora dos bastidores. Aprenderemos como se faz uma notícia. Saberemos, sobretudo, que ditadura é sempre ruim, seja de esquerda, seja direita. O ditador subestima o poder do outro e, em geral, esquece da palavra. Zuenir traz à luz os fatos mais relevantes, aqueles que valem ser relidos, repensados e resenhados. Preferencialmente melhor do que este texto.






[1] Mal Secreto foi publicado pela Objetiva. Luis Fernando Veríssimo escreve sobre a gula; João Gilberto Noll, sobre a preguiça. E tem o clássico João Ubaldo escrevendo sobre a luxúria.
[2] Publicado pela editora Planeta, 2005.

02 abril 2010

02 abril 2010 0

Levi Nauter

O mês de março é extremamente especial para mim. Nele aconteceram as maiores alegrias da minha vida. Por isso, não poderia deixá-lo passar em branco. Essa é a minha singela e sincera homenagem ao dia da mulher.
Foi há quinze anos, num sábado chuvoso, que oficialmente uní-me à mulher da minha vida. Ela estava linda naquele vestido branco; eu, ridículo naquele terno cenoura. O que aconteceu naquele encontro, junto às testemunhas e aos convidados, perdura até agora. Espero dure pra sempre. Lá declarei amá-la na alegria e na tristeza e ser-lhe fiel. Tem sido uma ótima experiência. Inesquecível caminhada juntos. Digo para a Lu que metade da minha vida foi escrita, vivida, ao lado dela (se contados o tempo de namoro e noivado) e que no futuro temos tudo para caminharmos ainda mais perto. A minha felicidade está na junção de muitos momentos alegres e especiais pelos quais passamos. Já rimos e choramos muito. Temos uma soma de experiências indeléveis pelo tempo. Aliás, o tempo tornou-se nosso aliado, acostumamo-nos a esperar. Foi assim até adquirirmos a casa própria. E assim também foi para a chegada da nossa joia maior: a Maria Flor.
A Lu é o meu porto seguro, é o lado racional da nossa casa. É o lado prático, artístico e de visão periférica do lar. É o melhor abraço que recebo, o maior carinho que sinto. A melhor companhia pra bater um papo, pra passear, dormir, ter prazer. Um reflexo do divino que torna a casa um pedaço do céu.
A outra alegria foi ter recebido minha filhota como um presente de Deus. Há um ano, no dia 24-03, nascia o que chamo de obra-prima. Acho que para sempre a verei como meu grande feito. Ela é carinhosa, risonha, cantadora e encantadora. Um anjo. Ela vem me ensinando a rever coisas com outros olhos. Uma formiga, por exemplo, tem grande significado pra ela. Outro dia ela comeu uma e até fez cara feia. Um pente pode ser um instrumento musical para ela, ou um instrumento com o qual se bate na mamãe e no papai. É muito fácil “perdermos” horas e horas com ela. Está aprendendo a caminhar e a dizer algumas palavrinhas (bah, é uma delas). Parafraseando o texto bíblico: ela é infinitamente mais do que pedi a Deus.
Contemporaneamente, inventou-se que o dia 8 é o dia internacional da mulher. Na minha casa todos os dias são das mulheres. Elas mandam. A mim cabe dar o melhor que posso. Todo o meu carinho e todo o meu amor são para elas.
Saber que elas me aguentam dá uma alegria indizível.
Lu e Flor, amo vocês!!!

04 fevereiro 2010

hum!!!

04 fevereiro 2010 1

Levi Nauter



É bom ter amores na vida. Agora tenho dois. Elas deixam a minha vida muito mais alegre, muito mais feliz. É um prazer e um privilégio ser paparicado pelas minhas joias.
Lu e Maria Flor; ah, que amor!!!

24 janeiro 2010

FALA MESTRE - o que é um amigo

24 janeiro 2010 2


Amiga é aquela pessoa em cuja companhia não é preciso falar. Você tem aqui um teste para saber quantos amigos você tem. Se o silencio entre vocês dois lhe causa ansiedade, se quando o assunto foge você se põe a procurar palavras para encher o vazio e manter a conversa animada, então a pessoa com quem você está não é amiga. Porque um amigo é alguém cuja presença procuramos não por causa daquilo que se vai fazer juntos, seja bater papo, comer, jogar ou transar. Até que tudo isso pode acontecer. Mas a diferença está em que, quando a pessoa não é amiga, terminado o alegre e animado programa , vêm o silêncio e o vazio – que são insuportáveis. Nesse momento o outro se transforma num incômodo que entulha o espaço e cuja despedida se espera com ansiedade.

Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. Basta a alegria de estarem juntos, um ao lado do outro. Amigo é alguém cuja simples presença traz alegria independentemente do que se faça ou diga. A amizade anda por caminhos que não passam pelos programas. 


Rubem Alves



ALVES, Rubem. O retorno e terno: crônicas. 9.ed. Campinas/SP: Papirus, 1999.  

21 janeiro 2010

volto logo

21 janeiro 2010 0

Levi Nauter


Estou literalmente em férias de tudo. Tenho projetos interessantes para 2010 – começando pelos novos desenhos dos blogs. Tão logo eu digite o material que venho escrevendo em cadernos o ano começará a andar para mim.

Até daqui a pouco.


03 janeiro 2010

retrô 2009

03 janeiro 2010 2

Levi Nauter



No dia 1º dia de 2010, decidi fazer uma retrospectiva parcial de 2009, um ano inesquecível até o fim dos meus dias.

Inevitável dizer que foi o ano da minha sonhada paternidade. Tornou-se real o acalentado desejo de quatorze anos de vida conjunta com a Lu, meu braço forte e racional na relação a dois. A Maria Flor veio na melhor hora. Nossa casa encheu-se de mais alegria, desde março. Acompanhamos literalmente de perto cada fase da nossa joia: o abrir dos olhos esverdeados; os primeiros sorrisos; os primeiros dentinhos; as imitações da mãe e do pai; as gargalhadas; as primeiras manhas e ranços. Agora, o sufoco que temos com as lindas engatinhações pela casa toda, e a tara por colocar chinelos na boca. Um maravilhoso sufoco. Ela é, sem dúvida, parte das nossas vidas. Não nos imaginamos sem ela. A mais linda flor em casa.

Afora a Maria, que me enche de graça, suei a camisa no trabalho. Trabalhei desde janeiro ministrando aulas de língua portuguesa, além do normal que há dez anos faço numa escola municipal. Concluí minha docência em dezembro bastante contente com os resultados (dos quais pelo menos um texto deve sair). Os últimos três meses foram desafiadores. Recebi e aceitei o convite de uma formação patrocinada pelo Instituto Unibanco. Belas experiências.

No campo musical, por razões óbvias, CDs infantis tiveram lugar cativo por aqui. Também mergulhei na música brasileira (e não na abrasileirada). Consegui discos que há muito procurava: Pérolas aos poucos, do Wisnik, e Estopim, da Na Ozzetti, são alguns exemplos. A música do Brasil é riquíssima e dela não abro mão para muito do restolho que nos chega enlatado. Em termos de leitura, aproveitei bem. Li bastante: comecei e abandonei alguns livros; com outros, fui até a metade e uns poucos foram terminados. Minha atenção e foco estiveram noutro lugar.

Perspectivas 2010

Sei, de antemão, que trabalharei manhã, tarde e noite – a começar no final de fevereiro. Meu tempo, portanto, será escasso e, em consequêcia, terei de otimizar o que restar. Opcionalmente a Flor e a Lu terão primazia.

No campo da política, para o bem da democracia, espero que mude todos os governantes (oito anos é demais e quatro já está bom). O legislativo precisaria de uma sacudidela, o que infelizmente não irá ocorrer, graças a uma alienação reinante perpetuada pelos próprios legisladores (com raríssimas exceções, claro). Também espero que tanto a esquerda quando a direita (não acredito que ainda exista), cristã ou não, pare de se pintar baluarte da boa política e notem a funesta unissonância discursiva.

E para me ir bem, cercar-me-ei de música, livros e conversas. Ah, e muito carinho de bebê!

Feliz Ano Novo a todos.




NOTA

Ilustração de Kerry Millard para o livro A ilha de Nim, da canadense Wendy Orr. Publicado no Brasil pela Brinque-Book, a obra é uma novela infanto-juvenil. www.brinquebook.com.br

30 novembro 2009

[últimos dias de dedicação total]

30 novembro 2009 0

Levi Nauter



Sua presença me faz rir

Nos dias feitos pra chover

Não há revolta pra sentir

Nem há milagre pra não crer

Chico César





Estou aproveitando o máximo que posso dos últimos dias em que tenho o privilégio de estar em tempo integral com a minha filhota. Tudo o que é bom dura pouco – dizia minha mãe. Tendo a concordar com ela no contexto em que estou tratando.

Foram três meses de convívio intenso. Aprendi coisas que jamais esquecerei, tampouco imaginava ser capaz de realizar. Nada, absolutamente nada, substitui a alegria divina de se ter um filho. Acompanhei o nascimento dela: o seu primeiro chorinho, a primeira injeção, além de alguns exames cruciais para a vida de uma criança e que – ao mesmo tempo – doem de serem feitos.

A Lu ficou seis meses com ela; eu, mais três. Demos o máximo de carinho possível. Paparicamos por todos os lados. E somos eternamente agradecidos a Deus pela perfeição da nossa anjinha. Ela é um amor. Está sempre sorrindo. Tal como o pai, adora música (espero que, no futuro, adore também a leitura). Durante esse tempo, ela conheceu alguns amigos bem chegados com os quais convivemos bastante. Todos queriam agarrá-la, beijá-la. Para nós – pais – isso sempre foi o ápice.

Sempre nos deu e sempre nos dará uma alegria indizível olhá-la em momentos distintos, a fim de verificar se tudo está bem, e notá-la respirando, espreguiçando-se, dando lindos gemidos de preguiça. Não lembro de não ter chorado de emoção ao ver essa cena.

No entanto, a vida diária e cotidiana nos chama. Temos de trabalhar, manter nossos sustentos e, na medida do possível, projetar coisas para a nossa princesa. Certamente, também, estaremos sempre em alerta, absolutamente prontos para quaisquer eventualidades que a paternidade nos imponha.

Mesmo que ela não entenda (só tem oito meses) digo que será um aperto deixá-la para ir ao trabalho, mas que será um prazer enorme voltar pra casa correndo, saudoso daquele sorriso que nos amolece, nos emociona, nos faz ser gratos a Deus, nos faz cada vez mais esperançosos de que a vida pode ser cada dia melhor.

Eu te amo, filha linda!!!

Nossa Maria Flor.





22 novembro 2009

a Flor pelo olhar de uma aluna

22 novembro 2009 0

Dando aulas, temos surpresas interessantes. Acima, uma foto da Maria Flor pelo olhar de uma aluna da segunda série cuja professora é a Lu.



10 novembro 2009

Em turno integral

10 novembro 2009 0

Levi Nauter





Passei por aqui a fim de dar algumas notícias. Estou ausente faz um tempo e isso tem lá suas razões.


Eu continuo escrevendo. Bem menos, é verdade. Sobretudo, o faço no meu caderno (gosto de rascunhar com caneta – num caderno – antes de ir ao computador). Mas os momentos e os horários mudaram significativamente. Agora é quando dá.


Pois bem, vamos ao que interessa.


Estou dedicado ao meu maior projeto de vida, à razão da minha vida, à paternidade. Desde setembro cuido em tempo integral da minha linda Maria Flor; e assim continuarei até o final de novembro. Dedico-me de corpo e alma na curtição de todas as funções que um ser miúdo demanda. Colo, passeios, remédio, fralda, suco, fruta, papinha, brinquedos e brincadeirinhas; almoço. Tudo comigo. Agora ela está enrolando e ensaiando as primeiras palavras. Já se observa os dois primeiros dentinhos. Além disso, o cuidado está sendo redobrado porque ela não para mais na mesma posição em que é deixada. Também notamos que ela adora música, espero que tenha um gosto aproximado do pai e da mãe. Veremos.


No pouco tempo que me sobra leio, ouço mmmmuuuuiiiittttaaaa música (um vício desde sempre), rabisco textos, preparo aulas, assisto a filmes e cuido de algumas tarefas domésticas.
Com a chegada da Maria Flor – esperada há catorze anos – não poupamos esforços para “lamber a cria”. Estamos sempre perto. Ela é o centro. O resto pode esperar. Daqui a pouco ela irá para uma escolinha e nós tentaremos retomar a nossa ‘rotina’ normal; por isso, não nos parece cansativa essa total dedicação. É-nos um privilégio.


Viva a Flor da nossa vida.


26 agosto 2009

qualquer livro

26 agosto 2009 1


“Se o livro que estamos lendo não nos despertar, como se um martelo golpeasse o nosso crânio, então por que razão nós devemos lê-lo?... Um livro deve ser como uma machadinha para romper a espessa camada de gelo em nosso interior.”


Franz Kafka





Apud Eugene Peterson, em Corra com os cavalos..., editora Ultimato.


21 agosto 2009

POLÍTICA E POLITICAGEM

21 agosto 2009 0

Há lobos gordos, de pele lustrosa, fantasiados de ovelhas: eles andam pelos corredores dos palácios e gozam de imunidades parlamentares.


...acho que não existe povo no Brasil. Somos um bando de bois e vacas infestados por bernes gordos que não saem de nossas costas.



Rubem Alves - educador e teólogo






em Cenas da vida [19.ed. Campinas/SP: Papirus, 1997], páginas 62 e 63.




15 agosto 2009

nada tanto assim

15 agosto 2009 4

Levi Nauter

Eu sei das minhas casmurrices. Sei que deveria, com meus trinta e cinco anos, ter superado certos medos. Estou ciente de uma maturidade que insiste em contradizer-me de quando em quando.

Seria bom se a gente conseguisse bem viver o tempo todo. Enriquecedora seria a vida se a olhássemos mais pedagogicamente. Eu gostaria de saber dosar razão e emoção.

Ah, quem dera eu fosse sempre acertivo. E se eu fosse o melhor entre os melhores? Se eu fosse um Salomão? Se eu tivesse fortuna financeira e, na mesma medida, fortuna intelectual?

Mas não, eu sou uma incógnita.

Eu deveria ser mais informado sobre os assuntos da vida. Poderia saber plantar e regar flores. Seria bom se eu fosse um exímio pedreiro, carpinteiro, pintor, mecânico, eletricista, programador, contador, cantor, poeta. Faria bem ao meu bolso e a minha imagem se eu fosse uma reconhecida celebridade. E se eu pousasse nu? E de boa pinta num reality show?

Também podia ter Orkut, Facebook ou Sonico e neles fazer biquinho e trejeito de ‘descolado’. E o Twitter? E o torpedo? E o MSN? Quem dera eu tivesse a palavra certa na hora certa de dizê-la. E se eu soubesse tudo da crise econômica? E se eu fosse um bom político? E se a minha palavra tivesse peso?

Talvez um dia eu chegue lá.

Há um misto de sonhos, esperanças e desesperanças em mim.

Interesso-me por cotidianidades, variedades, celebridades, política, cultura, sexualidade, família, casamentos, relacionamentos, filhos, filhotes, boicotes. Eu gostaria de saber de tudo sobre tudo. Sobretudo, a respeito da felicidade.

Mas eu sou o que apregoou Belchior: “um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso”. Também me coaduno com o conterrâneo Nei Lisboa: “um latino quase inteligente”.

Acaba, então, que me interesso por tudo, absolutamente tudo. E não se nada. Aí essa semana fui ajudar na limpeza da minha casa (coisa que faço regularmente, ressalte-se) e ouvi um CD dos anos 80 – tempo em que sonhava ter a idade que tenho. Kid Abelha me fez ouvir mais de uma vez a música que resumiu meu estado:

“eu tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim”

Estou na idade (ou no tempo) em que o filtro age mais. Elegi prioridades e optei pela minha família. Minha mulher, minha filha (das quais não sou dono), meus livros, meus CDs musicais e meus poucos amigos são os antídotos contra o veneno de estar vivo. O resto é para o tempo que sobra, se e quando sobra.

Veja o que ocorre enquanto se espera por uma consulta médica.

13 julho 2009

Enquanto a prova não vem

13 julho 2009 1
Levi Nauter




Neste momento estou na sala de aula de uma escola estadual a fim de participar da seleção pública de servidores (concurso público). O cargo é bom, o salário idem, a prova está no número de candidatos por vaga: aproximadamente seis mil. As ruas no entorno da escola estão abarrotadas de automóveis e ônibus. Como pode um concurso para tão poucas vagas ter tantos inscritos? Arrisco dizer que é o salário. Afinal, quem não quer ter uma boa garantia financeira, além da empregatícia?

As salas de aula em geral se parecem. São feias, sem atrativos estéticos e as classes são enfileiradas. As paredes são cheias de rabiscos: nomes de colegas de aula, de namoradinhos e namoradinhas. Corretivos líquidos tornaram-se canetas.

Fiquei divagando enquanto não chegava o momento de fazer a prova. Sei de uma penca de professores que, como eu, estão na educação por um período de tempo (e esperam que ele não se torne uma eternidade). Muitos deles farão a mesma prova que eu. Sonhamos com dias melhores. Almejamos não ser caçoados nem enxotados por alunos sem escrúpulos. Buscamos ter a tranquilidade de podermos trabalhar não mais que 40 horas semanais e viver bem com os vencimentos. Sonhamos com o dia em que seremos respeitados e considerados pela sociedade.

O prestígio de um educador há muito não passa de ficção. A dedicação exclusiva – oportunidade em que o docente poderia se aperfeiçoar intelectualmente – está restrita, por enquanto, à Universidade, sobretudo a pública. Mesmo os pseudofelizardos das escolas particulares não têm a autonomia que imaginam, senão perseguir a economia de mercado. Esta dita as regras.
Deve ser uma felicidade saber que quem passar essa etapa do concurso vai trabalhar num lugar decente, numa sala confortável. A gente passa na frente de qualquer prédio ligado à Justiça ou à Fazenda e nota ar condicionado, por exemplo – artigo raro nas escolas públicas. Estacionamento gratuito para os servidores, outra raridade na educação. Ou seja, vê-se o investimento in loco, enquanto que na educação vê-se o investimento “in poco” (ínfimo). A educação brasileira está na UTI.

Tenho uma amiga, professora e assessora parlamentar, que afirma: a educação é um barco que afundou. Ela é uma excelente profissional da educação. Possui sólida formação acadêmica e faz a diferença na comunidade onde mora. Porém, está voltando às atividades no parlamento gaúcho. E não porque odeia a educação. Ela ama. Ocorre que a educação não a ama e, portanto, a remunera muito mal. Nela já não há a necessária serenidade para (e da) busca intelectual, para a pesquisa científica – elementos fundamentais na formação tanto do professor quanto dos alunos, visando não serem mais alguns indivíduos em meio a tantos outros. Não se faz ser pensante sem investimento.

É bater na mesma tecla dizer que não tenho mais encantos com a educação. Amo dialogar com pessoas de todas as idades acerca de produção textual, de gramática e semântica. Todavia, as pliticagens governamentais e partidárias (vem delas a ideologia de valorização profissional) me assaltaram, furtaram de mim o encanto. Já me basta ser um burocrata bem remunerado. Basta-me ter bom salário e tempo curtir minha mulher e minha filha.

Enquanto esse dia não vem, infelizmente elas terão de me dividir com correções de provas, trabalhos e produções escolares. Também, em vez de poesia e ficção, vão enxergar livros pedagógicos – às vezes com blá-blá-blá de quem nunca entrou numa sala de aula.

Ainda bem que podemos sonhar.

Sonho com dias melhores.

Vamos à prova.

21 junho 2009

amor

21 junho 2009 0

Levi Nauter


12 de junho

Levi Nauter



No feriadão de 12 de junho eu e a Lu decidimos comemorar de um jeito simples, mas, para nós especial. Assistimos a um filme e lemos um mesmo livro. Com o frio pegando, o fogão à lenha fez companhia e alimentou-nos com um cremoso caldo de ervilha (com bacon e calabresa); um tinto suave fez as vezes da água.

Eu recebera de um amigo o livro (e não obra) do John Grogan no início de 2008. Fiz um esforço sobremaneira inútil tentando chegar ao final das páginas. Desisti. Há livros que não são pra gente. Se em dou ou três capítulos não formos encantados pode não ser má ideia desistir. Porém, com o filme foi um pouco diferente. Nele resumiram vários capítulos chatos, tornaram imagem aquilo que – a meu ver – o autor não conseguiu fazer boa tradução para o mundo da escrita. Além do mais, o filme tornou o autor e sua esposa pessoas lindas, dentro dos padrões sonhados pela norte-americanidade (porque obseidade lá é fato, em que pese a ‘maquigem’ do cinema). Apesar de entender a intenção tanto do filme quanto do livro, discordei do enfoque. O centro de tudo era um cachorro. Os filhos vieram, pelo menos um nem vingou, mas o centro continuou sendo um cachorro. Meu instinto paterno diz que isso não me serve. Minha filha é infinitamente mais importante prova está eu não ter animais de estimação. No entanto, a fotografia do filme foi linda, especialmente as paisagens irlandesas (vale a pena ver a Irlanda no filme “P.S. Eu te amo”). O filme valeu pela companhia da minha namorada e da minha novíssima paixão, respectivamente, Lu e Maria Flor. Foi assim que assisti a Marley & Eu[i]. Um filme morno, mas melhor que o livro.

No outro dia, foi a vez de lermos um livro engraçado. Livro escrito de mulher para mulher. Sem redundâncias, um livro para se ler numa sentada. Cals e Catunda foram felizes na escrita que beira o popularesco. O livro é divertido e nós o adoramos. Sugerimos que todos leiam-no, sobretudo os que gostam de frases politicamente corretas.

Trata-se de Eu sento, rebolo e ainda bato um bolo..., de Andrea Cals e Marcela Catunda, publicado pela editora Matrix. O subtítulo deixa clara a intenção do livro: o guia para a mulher que não precisa de guias. Lemos a 2ª. Ed.




[i] Marley & eu, 2008, distribuído por 20th Century Fox Film Corporation. Dirigido por David Frankel e estrelado por Owen Wilson e Jennifer Aniston.

26 abril 2009

24-04-09 - Feliz Aniversário

26 abril 2009 1

Levi Nauter










Filha maravilhosa, presente de Deus para as nossas vidas!!!

Feliz Mensário!

Que mistério maravilhoso: estás conosco há um mês e não nos imaginamos sem você. Teu cheiro, tua pele, tua cor, tua voz, tudo em ti é motivo de nossa alegria e felicidade.

Te amamos,
Levi & Luciane,

os pais mais bobos do mundo.



 
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