23 setembro 2005

O QUE FAZER?

23 setembro 2005 0
"Escrevemos para denunciar o que dói".
Eduardo Galeano
O que nos resta fazer como educadores que prentendemos ser? Como pedir e tentar ensinar aos alunos a importância do respeito ao outro, o direito de o outro dizer o que pensa - ainda que discordemos? Como ensinamos democracia num país em que ela parece ser comprada? Como dizer "aluno, não é legal brigar" quando um deputado quase fura o outro? Ultimamente tenho ficado com vergonha desse parlamento. É claro que entendo a democracia como sendo um processo e que nele estamos longe. Contudo, imagino que nossos reperesentantes, sob nenhuma hipótese, deveriam assim se comportar. Tenho feito um esforço sobremaneira para continuar tendo esperança. Mas está difícil.

16 setembro 2005

A COISA MAIS LINDA DO MUNDO

16 setembro 2005 0
A coisa mais linda do mundo foi ter Roberto Jeferson na Câmara.
Era o único momento em que aquele lugar ficava cheio.
Eles estão certos: nós somos legais, pagamos bem aquele povo. Eles fazem um monte de coisas por nós, tipo nos desarmar. Além do mais, alguns senhores só saem de lá para se aposentar. Aqueles ínfimos 21.000,00 são suas únicas formas de ganha-pão. Coitadinhos.
Agora com a saída do Je, quem vai encantar? Quem fará aquela casa encher?

14 setembro 2005

MEUS GRILOS

14 setembro 2005 0
Levi Nauter

Minha casa é de madeira. Tem dias que ouço o belo barulho dos grilos – prefiro dizer que eles cantam. O problema é não agüentá-lo mais, após aproximadamente vinte minutos. O que era bom passa a ser ruim. Antes um som da natureza criada por Deus, de repente, um ensurdecedor ‘demoninho’ devido o barulho que faz.
Comecei a pensar no meu cotidiano. Sou cheio de grilos, de problemas interiores. Nalguns momentos acho isso legal pois cresço, supero-me, pareço imbatível. Se me descuido sou insuspeito, ando como quem não tem problemas, eretamente, olho pouco para os lados. Noutras ocasiões sinto-me derrotado, não avanço, milhões de coisas passam pela minha cabeça. Parece haver literalmente um grilo na minha mente. Tomo cafezinho, ligo o som (para ouvir alguma música ou alguma voz), olho televisão, rezo em pensamento – quando não de joelhos mesmo. Penso nas famigeradas frases de efeito algum, como “quem mexeu no meu queijo”
[1], “não faça tempestade em copo d’água”[2]. Choro, tento rir. Respiro fundo, confiro os batimentos cardíacos, torço para a hora passar. Suo, tomo água. Quando indagado sigo meu clichê: ‘tudo bem! E com você?’
Mas sabem o que é pior? O grilo não vai embora. Um dia bati na parede de casa devido a zoeira do bichinho. De nada adiantou, trinta segundos depois lá estava o cricrilar. Minha vida é assim e acho que não sou o único: meus grilos vêm e vão, um dia estou bem, no outro mais ou menos, em seguida, mal.
Por isso é que certas pessoas são importantes. Elas nos mostram o grilinho que o vemos como grilão. Dão-nos pistas para melhorias, perguntam para podermos responder muito mais a nós do que para elas. Existem outros que parecem ter o dom de apenas olhar, apenas fazer um gesto. Nada falam, mas tudo dizem. Ainda existem os duros na queda. São os que nunca estão satisfeitos, os desafiadores, os lançadores dos terríveis ‘por que isso, por que aquilo?’. Os mesmos que alfinetam ‘tá bom mas poderia ter ficado melhor’. Toda essa gente pode ser chata em algum momento, os grilos também o são. Acho que a vida seria sem graça com a ausência desse pessoal; os ‘moles’ me fazem ver que não sou tão ruim quanto pareço às vezes, os ‘durões’ me desafiam para o presente hoje e para o futuro. Ambos mostram minha gentetude
[3], mostram-me que só erro por ser humano, sou humano graças a eles.
Descobri, com um misto de alegria e tristeza, uma coisa: sou cricri.

NOTAS:


[1] Obra do Dr. Spencer Johnson da qual surgiu outras bem ao estilo made in USA. Ex.: “Quem mexeu no meu queijo?” para Jovens. Ah, a publicação é da Record.
[2] Segue a mesma linha do item 2. Obra de Richard Carlson, publicação da editora Rocco, o livro ganhou versões como Não faça tempestade em copo d’água (no amor), Não faça tempestade em copo d’água (no trabalho), Não faça tempestade em copo d’água (com a família), Não faça tempestade em copo d’água (para adolescentes), Não faça tempestade em copo d’água (para homens), Não faça tempestade em copo d’água (para mulheres). Viu como cansar.
[3] Expressão cunhada pelo quase imortal Paulo Freire.

09 setembro 2005

Brasil I love you

09 setembro 2005 0
Levi Nauter, 09-09-05
Eu amo o Brasil. Isso precisa ficar claro antes de alguns esquerdas considerarem que sou falso ou coisa que o valha. É exatamente por amar que não estou contente com ele. Se não amasse seria indiferente quanto aos acontecimentos atuais. Essa vergonha nacional - que não começou e tampouco terminará agora - exige que busquemos informações, leiamos jornais, revistas, assistamos televisão e troquemos impressões com outras pessoas. Também não pode ficar de fora uma busca bibliográfica da história, até para ratificarmos o reflexo de outros tempos no de agora.
Na minha vida particular, posso dizer que amo a Lu. Mas também tenho de confessar que, às vezes, nos estranhamos. E no amplo sentido da palavra. Por vezes não a conheço nem ela a mim. Então levamos algumas horas, quando não dias, para retomarmos o diálogo, (re)estabelecer a fraternidade, o bate-papo descontraído. Parece que, nos primeiros instantes, um de nós fica meio desconfiado, olha meio de soslaio. Mas, de repente, tudo fica bem, as coisas voltam ao normal e, suponho que pelo amor que nos sentimos, vamos esquecendo d'outrora e tocamnos o barco. Contudo, até chegar aí reivindicamos, protestamos, ficamos 'de bico', entre outras demonstrações. De uma coisa continuo tendo certeza: continuo amando em que pese minha discordância. Marisa Monte dá o clima (Amor I love you/Amor I love you/Amor I love you/Amor I love you).
Com o Brasil é a mesma coisa. Continuo amando-o. Todavia não posso aceitar essa coisa que anda acontecendo. Muitos trabalhadores sem aumento há um bom tempo, enquanto alguns assessores de deputado com a sorte de ter bons rendimentos. Nosso Presidente não fala efetivamente da crise, e, quando o faz, resvala em contradições quase imperdoáveis. Tenho a impressão de que temos, governando o país, o melhor que poderíamos ter. Ainda prefiro esse pensamento que engatinha para o social a ver governos sem o mínimo de preocupação com isso. O presidente da Câmara é uma calamidade, acho até que tem de sair. Mas quem irá assumir? Vai mudar radicalmente alguma coisa? Sinceramente penso que não.
Por amar esse país, acho que o Presidente deveria dar uma explicação mais convincente da situação. Por esse mesmo amor tento renovar minhas esperanças na tentativa de tirar o medo que ainda me ronda buscando tragar minha confiança na classe político-partidária brasileira. Só algumas questões ainda não entram na minha cabeça. Ser patriota não é exatamente andar com uma bandeira do Brasil a tiracolo. Meu amor ainda não é ágape, ainda não morreria pelo país. Meu amor parece ser platônico: vislumbro que nalgum dia sejamos livres, independentes - inclusive da grande mídia, ou seja, conseguindo ler, ver e ouvir de tudo sob o crivo da criticidade aliado à raivosidade sadia pois esta não me deixará passivo.
 
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