Levi Nauter
Eu estou há meses pensando em falar sobre a educação. Falar do caos que nela está instalado faz tempo. Dizer do meu desânimo em ter que me dirigir a uma instituição de ensino para lecionar – em que pesem as aulas serem bem divertidas e meu relacionamento com o alunado ser considerado tranquilo.
Para minha sorte, não vou carecer de muito esforço. O noticiário está aí para falar em meu lugar. Depois eu retomo com algumas ampliações necessárias. Vou deixar a poeira baixar. Enquanto isso, sigo estudando para um concurso cuja renda me permita viver com plenitude – coisa que a educação não faz.
Não me parece normal um ser humano ter de trabalhar 60 horas semanais a fim de ampliar sua renda, enquanto não pode aproveitar outros prazeres da vida. Não me atrai nenhum pouco passar meus finais de semana corrigindo provas, lendo produções textuais e elaborando aulas para a semana seguinte, enquanto minha filha anseia por um passeio na pracinha ou um piquenique no quintal.
Conheço um 'sem número' de companheiros que estão debandando para outros campos profissionais. Eu sou um dos que almejam isso o mais rápido possível.
Quero viver. Quero trabalhar durante o dia, ir pra casa e curtir minha mulher e minha filha. Quero ler somente pelo prazer de ler. Quero ouvir música como se comesse um alimento delicioso.
Para a sorte dos que ficarem, existem os românticos; os esperançosos. Aqueles que ainda têm o que já não me pertence mais: saco para aturar desaforos sob roupagens pedagógicas.