27 novembro 2005

VOU VIAJAR

27 novembro 2005 2
Levi Nauter
Estou quase indo viajar. Não farei uma viagem dessas comuns. Vou sair de um lugar e ir para outro. A rotina me incomoda, esse negócio de ficar sempre no mesmo lugar não dá certo. Sem contar que eu não gosto de apenas discursar e não cumprir. O mundo já está cheio de gente assim - que diz e não faz - não precisa de mais um. Ser educador exige que gostemos de preservar as palavras - tanto no sentido da boniteza quanto no cumprir com ela.
Por isso vou espairecer. Quero ver outros lugares, outras pessoas, sonhar outros sonhos. Quero (re)organizar minha vida, planejar de novo. Quero pegar outro ônibus. Quero contribuir mais efetivamente. Poder discutir tete a tete, ser escutado ou bronqueado quando fizer jus. Quero ter algum dia de folga - porque acho bom para viver. Só trabalhar 24 horas por dia não nos deixa viver. Ao contrário, nos faz envelhecer mais depressa, nos tornamos mais chatos. Quero não fazer nada, me espreguiçar, bocejar, ouvir música, ler, escrever. Chutar o balde, a pedra. Dormir, dormir muito. Comer, beber.
Aos trinta e um anos, acho que já posso começar decidir o que quero.
2006, aguarde-me !!!

23 novembro 2005

Poesia # FINAL DE SEMANA

23 novembro 2005 1
Levi Nauter

Hoje despi-me de tudo
tirei a roupa burocrática
desvesti minha voz do politiquêz
e do politicamente correto

Fiquei pelado
optei por dizer palavrão
esqueci de falar pausadamente
quis correr, após passar o dia num balcão

Encontrei uma mulher
abracei-a, alisei-a
deixei correr meus dedos em alguns lugares
juntos
fomos à praia

Lá, dormimos
pisamos na areia
fizemos amor
o sono veio
a rede
eu
ela
nós
zzzzzzzzzz...

18 novembro 2005

CHUTEI A PEDRA E TIREI A UNHA ENCRAVADA

18 novembro 2005 0
Levi Nauter
Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.
Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu.
Waly Salomão [in Algaravias, Editora 34, p. 21]
Já não aguentava mais. Caminhava, caminhava e desgraçadamente enxergava aquela maldita pedra no meio do caminho. Acho que nunca vou esquecê-la. Mas hoje tomei uma atitude. Puta merda, chutei a pedra. No início doeu o dedão do pé. Foi bom, descobri uma unha encravada. Deixei-a de molho n'água por alguns minutos e, pimba, foi-se.
Agora estou tendo tempo - uma vez que a pedra não atrapalhou mais meu caminho e, portanto, pude chegar em casa - de rir com as piadas contadas no Planalto. Incrivelmente Deputados, que ganham bem para bem intervirem nas questões legais, não sabiam dos prazos de início e/ou término de seus trabalhos nas comissões 'para lamentar'. Contudo, temos ainda de lutar para o fortalecimento da democracia e, nesse ínterim, deslizes irão ocorrer. Ao mesmo tempo teremos de sugerir ao Congresso Nacional que comece a visitar livrarias (essas megastores da vida) na busca de bons livros existentes no mercado que tratam dA importância do ato de ler.
Acho que esse povo começa a ser minha nova pedra. Já sem a unha encravada por não estarem exatamente no meu caminho, o que poderia eu fazer?

05 novembro 2005

O EXEMPLO DRUMMOND

05 novembro 2005 1
Levi Nauter

Tanto Drummond como seus companheiros do Modernismo nos dão uma lição: temos de ousar fazer coisas diferentes. Por minha vez, estou peleando contra as frustrações da vida. Por vezes penso que pouco há o que fazer; noutras, acho que tenho de continuar tentando. Enfim, fico com as duas opções: nalguns momentos fico triste, em outros busco a felicidade. Não é muito fácil. Talvez essa seja a razão de a felicidade ser uma constante e incansável busca.
Ainda assim, o exemplo Drummond me vem a mente ao lembrar que todos queriam divagar sobre assuntos politicamente corretos. De repente:
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
No meio do meu caminho ainda tem uma pedra. Penso que, como esse autor, nunca esquecerei esse acontecimento. Pois, no meio do meu caminho ainda tem uma pedra. Lá está ela. Não sei se chuto, não sei se passo ao largo.
Mas estou vendo-a,
no meio do caminho.
 
LEVI NA INTERNET ◄Design by Pocket, BlogBulk Blogger Templates