Levi Nauter
Quando a Lu e eu esperávamos a Maria Flor eu ficava nervoso, pensando em o que fazer para educar uma criança em vias de chegar. Certa vez, conversando com meu dentista que tem dois filhos, ouvi algo que considerei interessante – apesar de nenhuma novidade na essência:
- Levi, não te preocupes. Afinal, você ainda é filho. Portanto, toda a experiência que considera boa, repita; as negativas, esqueça!
Desde então esse tem sido meu exercício. A Maria Flor está com um ano e três meses. E tenho a nítida impressão de que minha filha estará adulta e eu ainda não saberei exatamente o que fiz e o que não fiz para educá-la. Porque a criança segue o seu rumo; ela está viva e vivendo, independentemente das minhas preocupações de pai. Como pai, quero que ela não sofra nada: não caia, não se fira, não chore. E a vida, no entanto, trará esses episódios a ela como forma inexorável de vivência, de aprendizagem. As minhas encucações têm lá suas importâncias, mas nada substituirá o meu exemplo. As minhas ações certamente darão corpo às minhas palavras. E até ao meu silêncio.
Em síntese é disso que trata um livro que adquirimos aqui em casa. Estávamos no supermercado e, de repente, uma capa chamou minha atenção. Os R$ 9,90 também – não é sempre que se adquire um livro razoável por dez reais. Coloquei-o no carrinho de compras. Cheguei em casa e comecei a devorá-lo.
As crianças aprendem o que vivenciam[1] foi inicialmente um poema, desde 1954. O que ocorreu e chegou até minhas mãos foi a transformação dos dezenove versos e capítulos. O poema de uma página tornou-se um livro de 142 páginas. O livro agora é a poesia em zoom.
Nunca é demais, diga-se logo, ressaltar que o livro não traz novidades em si. É uma espécie de bate-papo com o leitor, como se estivéssemos numa palestra sobre experiências na criação de filhos e filhas. E isso sempre me remete ao famoso apóstolo São Paulo que dizia: “retenha o que for bom” (1 Tes. 5.21).
Fiz algumas anotações pelas páginas enquanto lia. Está bem interessante verificá-las na prática.
[1] As crianças aprendem o que vivenciam: o poder do exemplo dos pais na educação dos filhos, de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris, editora Sextante, 2009.