29 junho 2010

Sugestão de leitura - AS CRIANÇAS APRENDEM

29 junho 2010 6
Levi Nauter



Quando a Lu e eu esperávamos a Maria Flor eu ficava nervoso, pensando em o que fazer para educar uma criança em vias de chegar. Certa vez, conversando com meu dentista que tem dois filhos, ouvi algo que considerei interessante – apesar de nenhuma novidade na essência:
- Levi, não te preocupes. Afinal, você ainda é filho. Portanto, toda a experiência que considera boa, repita; as negativas, esqueça!
Desde então esse tem sido meu exercício. A Maria Flor está com um ano e três meses. E tenho a nítida impressão de que minha filha estará adulta e eu ainda não saberei exatamente o que fiz e o que não fiz para educá-la. Porque a criança segue o seu rumo; ela está viva e vivendo, independentemente das minhas preocupações de pai. Como pai, quero que ela não sofra nada: não caia, não se fira, não chore. E a vida, no entanto, trará esses episódios a ela como forma inexorável de vivência, de aprendizagem. As minhas encucações têm lá suas importâncias, mas nada substituirá o meu exemplo. As minhas ações certamente darão corpo às minhas palavras. E até ao meu silêncio.
Em síntese é disso que trata um livro que adquirimos aqui em casa. Estávamos no supermercado e, de repente, uma capa chamou minha atenção. Os R$ 9,90 também – não é sempre que se adquire um livro razoável por dez reais. Coloquei-o no carrinho de compras. Cheguei em casa e comecei a devorá-lo.
As crianças aprendem o que vivenciam[1] foi inicialmente um poema, desde 1954. O que ocorreu e chegou até minhas mãos foi a transformação dos dezenove versos e capítulos. O poema de uma página tornou-se um livro de 142 páginas. O livro agora é a poesia em zoom
Nunca é demais, diga-se logo, ressaltar que o livro não traz novidades em si. É uma espécie de bate-papo com o leitor, como se estivéssemos numa palestra sobre experiências na criação de filhos e filhas. E isso sempre me remete ao famoso apóstolo São Paulo que dizia: “retenha o que for bom” (1 Tes. 5.21).
Fiz algumas anotações pelas páginas enquanto lia. Está bem interessante verificá-las na prática.


[1] As crianças aprendem o que vivenciam: o poder do exemplo dos pais na educação dos filhos, de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris, editora Sextante, 2009.



Sugestão de leitura - TEMPUS FUGIT

Levi Nauter



Enquanto no intervalo de uma formação pedagógica, acabo a leitura de um livreto[1] do sempre inquisitivo Rubem Alves. De fácil leitura, Tempus Fugit[2] é o típico texto que não obedece à cronologia, ou seja, pode ser lido, sem ordem, qualquer um dos vinte e um capítulos. Suas divagações também podem ser observadas sob outros ângulos, como veremos.
Na ótica psicanalítica estão registrados os nossos dilemas da vida:   angústia do tempo que não para; a feiura e a boniteza da vida; nossas peraltices na busca de soluções de problemas. Uma ótica que – nalguns momentos vai coadunar com os discursos dos partidos políticos (em época de campanha), embora não seja essa a intenção do autor – visa ao viver bem; viver melhor.
Sob a ótica cristã, talvez a mais óbvia, a começar pela editora, nota-se a insistência divina em apostar no ser humano. Não é à-toa que o Rubem sabe traduzir muito bem tal visão, pena que sua antiga denominação parecia odiar arte.
Mas também é possível ver Tempus Fugit pelo lado da escrita. Este, aliás, foi o que mais me ocorreu, inconscientemente. Vê-se, assim, que o texto não saiu ‘de vez’ mas é fruto de uma reflexão, bem como resultado de transpiração sobre um papel. Os escritos permitem-nos concluir que escrever deve ser um exercício cotidiano, diário. Sobretudo, um constante fazer-desfazer-refazer. Parece-me, jamais haverá texto pronto, acabado. Nós que não somos escritores profissionais carecemos retomar a palavra escrita como desafogo da correria da vida, toma-la como terapia. Tenho a impressão que é dessa forma que conseguiremos aumentar nossa capacidade de leitura e de expressão do pensamento. Lendo vamos aumentar nossa capacidade de percepção, nossa minuciosidade começará a vir à tona. Seria capaz de apostar que as pessoas do dito primeiro mundo leem mais porque, na mesma proporção, se expõem mais à palavra escrita.
Ler o Rubem Alves é também notar como um assunto aparentemente irrelevante pode provocar em nós uma reflexão. E mais: como concatenar as ideias a fim de que tenham sentido e sejam de proveito para outros leitores.
Resumindo, vale a pena ser lido. E logo. O tempo é curto.



[1] Livreto pelo número de páginas da obra e não pela eventual irrelevância.
[2] Tempus fugit, de Rubem Alves, editora Paulus. 



 
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