29 junho 2010

Sugestão de leitura - TEMPUS FUGIT

29 junho 2010
Levi Nauter



Enquanto no intervalo de uma formação pedagógica, acabo a leitura de um livreto[1] do sempre inquisitivo Rubem Alves. De fácil leitura, Tempus Fugit[2] é o típico texto que não obedece à cronologia, ou seja, pode ser lido, sem ordem, qualquer um dos vinte e um capítulos. Suas divagações também podem ser observadas sob outros ângulos, como veremos.
Na ótica psicanalítica estão registrados os nossos dilemas da vida:   angústia do tempo que não para; a feiura e a boniteza da vida; nossas peraltices na busca de soluções de problemas. Uma ótica que – nalguns momentos vai coadunar com os discursos dos partidos políticos (em época de campanha), embora não seja essa a intenção do autor – visa ao viver bem; viver melhor.
Sob a ótica cristã, talvez a mais óbvia, a começar pela editora, nota-se a insistência divina em apostar no ser humano. Não é à-toa que o Rubem sabe traduzir muito bem tal visão, pena que sua antiga denominação parecia odiar arte.
Mas também é possível ver Tempus Fugit pelo lado da escrita. Este, aliás, foi o que mais me ocorreu, inconscientemente. Vê-se, assim, que o texto não saiu ‘de vez’ mas é fruto de uma reflexão, bem como resultado de transpiração sobre um papel. Os escritos permitem-nos concluir que escrever deve ser um exercício cotidiano, diário. Sobretudo, um constante fazer-desfazer-refazer. Parece-me, jamais haverá texto pronto, acabado. Nós que não somos escritores profissionais carecemos retomar a palavra escrita como desafogo da correria da vida, toma-la como terapia. Tenho a impressão que é dessa forma que conseguiremos aumentar nossa capacidade de leitura e de expressão do pensamento. Lendo vamos aumentar nossa capacidade de percepção, nossa minuciosidade começará a vir à tona. Seria capaz de apostar que as pessoas do dito primeiro mundo leem mais porque, na mesma proporção, se expõem mais à palavra escrita.
Ler o Rubem Alves é também notar como um assunto aparentemente irrelevante pode provocar em nós uma reflexão. E mais: como concatenar as ideias a fim de que tenham sentido e sejam de proveito para outros leitores.
Resumindo, vale a pena ser lido. E logo. O tempo é curto.



[1] Livreto pelo número de páginas da obra e não pela eventual irrelevância.
[2] Tempus fugit, de Rubem Alves, editora Paulus. 



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