29 janeiro 2009

[fórum social mundial – outra vez. “...e o tal de mundo não se acabou”]

29 janeiro 2009
Levi Nauter




Mais um FSM em nosso país. Provavelmente somos os campeões em edições desse evento. Sim, para mim ele é um evento. E só. Participei das edições ocorridas aqui, no Rio Grande do Sul. Sei do que estou falando, assim como de uma penca de conhecidos ditos de esquerda que ficarão incomodados com meus termos. Eu diria, com todo o respeito que eles merecem (e merecem!), que fazem parte de uma esquerda acrítica, não muito chegada ao diálogo e mais simpatizante do monólogo. Essa esquerda é representada por gente que quer se perpetuar no poder (direta ou indiretamente). Gente que escolheu a política partidária como “carreira” e não como um ideal cujo centro é o povo. Para esses, há muito o povo não interessa senão no financiamento de suas regalias.
Nas edições de Porto Alegre, vi boas discussões, boas intenções, grandes caminhadas, li bastantes faixas de protesto. Mas pouco, quase nada mudou – efetivamente. Os medalhões vieram, palestraram, botaram ‘pilha’ nos que podiam (por ‘n’ razões) estar lá para ouví-los (pois, sejamos sinceros conosco, a grande massa estava suando a camisa em seus postos de trabalho1) e foram embora. Voltaram para suas Universidades, para seus gabinetes, donde escrevem livros de maneira confortável. As temáticas não mudaram. Continua-se dizendo que “os países ricos deveriam subsidiar a dívida dos pobres; que estes precisam ser mais ouvidos por aqueles” e blá-blá-blá. Defensores da natureza vêm com teorias idealizadas sobre a defesa do meio ambiente, enquanto órgãos do governo não fiscalizam como deveriam e outros desmatam tanto quanto as empresas privadas. Resumindo, há muito discurso, muita idealização, mas pouca, muito pouca, ação.
Acho que os governos de esquerda precisam esquecer os de lá e fazer o que precisa para que seus países comecem a andar. Não gastarei mais a sola de minhas sandálias (porque o chique nesses eventos é andar de sandálias ou chinelo) nesses eventos inócuos. Quero curtir minha filha, minha mulher, meus discos, meus livros, meus poucos amigos. Quero continuar acordando cedo e vivendo. Quero ganhar meu dinheirinho suado, mas honesto. Não quero depender de vãs promessas politiqueiras. Ando cansado de ver as mesmas caras, os mesmos trejeitos, as mesmas indumentárias. Quando se fala de política partidária, por exemplo, vê-se uma velharia – gente desde antes da ditadura está lá no poder. E não largam o “osso”.
Temos de nos ligar mais às pessoas. Há mais vida fora do mundo político-interesseiro. Há mais prazer no mundo fora dos holofotes, fora do poder pelo simples poder. Façamos bem a nossa parte. Reclamemos a quem de direito quando for o caso. Porém, os aglomerados não resolvem o problema. Eles são como sino: fazem um eco temporário. Sem contar que no meio deles é mais fácil notar uma turma do gargarejo: riem, batem palma, assoviam, pulam, repetem palavras de ordem. Nem sabem dos porquês. Querem contatos. Contatos imediatos.
Uma outra vida também é possível.

1 comentários:

Camila

Genial, Levi.
É bem o que penso.
Um abração!

 
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