14 fevereiro 2008

DIÁLOGOS SOBRE A EDUCAÇÃO - minha mangueira

14 fevereiro 2008

Levi Nauter





Não sou aficionado por carnaval. Falta-me a paciência para ficar perdendo tempo na frente da televisão vendo aquelas fantasias que me parecem horríveis. Igualmente não suporto aquelas pseudo-estrelas da TV rebolando como se tivessem sido convidadas pelas escolas de samba – quando, a bem da verdade, rolam milhões nos bastidores. Ademais, não tenho vontade de aumentar o IBOPE nem da Globo (que transmite o carnaval carioca e paulista) nem da Band (que transmite, digamos, os alternativos da Bahia e Pernambuco).
Contudo, adorei estudar a temática para o meu TCC. Mikhail Bakhtin foi meu guru por um bom tempo; com ele aprendi a entender algumas coisas que ainda hoje acontece. Mas isso é assunto para um outro texto.
Não quero dissertar sobre o carnaval.


Quero falar sobre Paulo Freire.


Antes, quero dizer que estou preparando – na casa nova – uma sala que já possui nome: mangueira. Para quem não sabe da minha história, digo “aqui será meu gabinete”, “minha sala de estudos”. Mas aos íntimos confesso: essa é a minha mangueira. Donde tirei a idéia? Aí é que está.
Li com afinco um livro bem legal de Freire: “À sombra desta mangueira”[1]. A obra me inspirou a outros textos, outras reflexões que, por ora, estão na gaveta.
Numa passagem, o professor Paulo fala de como aprendeu sobre o mundo e sobre a palavra. Muito de sua aprendizagem se deu sob as sobras das árvores. Ele mesmo afirma que o título de seu livro, então, é uma espécie de licença poética e homenagem. Eu realmente achei isso poético e quero levar essa poesia até minha casa. Minha experiência de ter árvores no pátio não foi muito promissora. De quando criança só lembro de bergamoteiras e laranjeiras. Todas possuíam espinhos. Ou seja, a didática não era tão boa. Aliás, espero não estar sendo um professor espinhento. Agora, no entanto, na casa nova, terei sete pés de ipê amarelo e mais dois que terei de descobrir o nome, alem de um coqueiro que embelezará a frente. Possivelmente apreenderei mais do livro na medida em que por lá estiver morando.
Fecho esse anúncio com a frase que fez a diferença:

“Minha biblioteca de adulto tem algo disso. Às vezes, é como se fosse a sombra da mangueira de minha infância. ”(p. 16)

E acrescento outras concordâncias, sabendo que nesse gabinete-mangueira muitas vezes estarei só, “escondido do mundo e dos outros, fazendo-me perguntas ou discursando, nem sempre provocado por minhas perguntas” (p. 17). Nesse cantinho ratificarei “primeiro, que posso saber melhor o que já sei; segundo, que posso saber o que ainda não sei; terceiro, que posso produzir conhecimento ainda não existente” (p. 18). Afinal, “a coisa hoje impossível pode vir a ser possível um dia” (p. 82).
Que venha o dia!














[1] FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 4.ed. São Paulo: Olho d’água, 2004.

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