17 junho 2005

ESCLARECIMENTO: não consigo ser alegre o tempo inteiro

17 junho 2005
Levi Nauter, em 17-06-05.

Resolvi deixar algumas coisas claras. Aquele papo tipo 'vamos conversar sobre a relação' bateu-me. Andei ouvindo que sou depressivo, que graças a Deus não tenho arma (nem poderia, a campanha do desarmamento e a minha opção político-social não permitiria). Opiniático, diria Machado de Assis, e assim me sinto. Não acho a vida cor-de-rosa, não a considero fácil. Também sofro com as desigualdades, acho um saco o que a grande mídia propõe-nos apenas porque vende ou dá IBOPE. Não suporto a superficialidade de muita gente, a vida de plástico, a prostituição social, o enriquecimento ilícito de muitos PPs (políticos, pastores e, sim, padres). Tenho ojeriza aos que não sabem ou fazem-de-conta que não sabem dos seus papéis, direitos e deveres; dos que tomam favores como se fossem direitos adquiridos; dos que misturam as coisas - dos que separam as coisas. O que tenho feito até agora é dizer, é trazer à luz, tornar claro. Possivelmente não para os outros mas para mim mesmo. É escrevendo que busco ordenar meu caos. assim é que me permito (re)ordenar, assim faço-desfaço-refaço-me. Este é o processo pelo qual 'saio de mim' de vejo 'de fora', à distância, e, parece, vou conseguindo me estabilizar.
Penso que a vida não está melhor nem pior que antes. Está como sempre esteve, a diferença é que hoje os holofotes são mais agressivos. Hoje temos um maior número de informações ao nosso alcance - algumas, descartáveis, sem profundidade, é verdade. Não me choco tanto com as coisas, talvez aí meu defeito. Espero e imagino que a natureza adâmica é, na essência, má, egoísta e mortífera. Morte, traição, dissimulação, intransigência e a lacônica pulsão de morte estarão nas entrelinhas das relações interpessoais - muitas vezes travestida de elegância. Afinal, quem sairia alardeando que odeia o seu companheiro por ser mais inteligente, ou por ganhar mais e fazer menos, por exemplo?
Também somos sensuais, outra característica humano-adâmica. Adoramos ser bem vistos. Amamos causar suspiros. Nosso ego é afagado ante o elogio. O coração dispara quando os olhos, teimosamente, insistem em cruzar por uma bela bunda, um conservado par de seio, uma coxa masculina, uma bunda de macho. Puta...
Ah, ainda enrubescemos com essas coisas. É bom pensar em sexo. Ler sobre nos deixa tímidos. Nos chocamos frente a palavrões como caralho, fudeu (já nem tanto), filho da puta, entre outros. Não deveríamos ser assim. Qual a diferença entre dizer o palavrão e ler o palavrão? Que tal sermos menos hipócritas?
Em meio a distração, de uma martela no dedo. Mas não deixe de ligar um gravador. Tenha uma câmera escondida e veja sua reação quando alguém tropeça na sua frente.
Pra finalizar, deixo claro que adoro escrever, ler bons livros, ouvir uma boa música brasileira (exceto o pagode e as 'pseudossertanejas'). As internacionais não ficam de fora. Aprecio chimarrão, um bom bate-papo. Sobretudo, amo ficar com minha mulher. Tem coisa melhor que comer, beber, dormir... e não pagar?
Só tem um problema: eu não consigo ser alegre o tempo inteiro.
PS: Vander Wildner é muito bom pra se ouvir passeando no brique da redenção.

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