Levi Nauter, 10-05-05
Reconheço que estou em falta com vocês - que para minha sorte gostam de ler o que escrevo (não sei como). Mas ando um tanto atarefado com trabalhos na faculdade. E, portanto, sem tempo. Espero que me compreendam. Enquanto isso, vamos refletir sobre o texto de outro. Um pensamento de Arthur Schopenhauer que, embora um tanto depressivo, escreve muito melhor que eu. Ele fala sobre a leitura (in Sobre livros e leitura. Trad. Philippe Humblé e Walter Carlos Costa. Porto Alegre: Paraula, 1993).
Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Trata-se de um caso semelhante ao do aluno que, ao aprender a escrever, traça com a pena as linhas que o professor fez com o lápis. Portanto, o trabalho de pensar nos é, em grande parte, negado quando lemos. (...) Durante a leitura nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios. Quando estes, finalmente, se retiram, que resta? Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia inteiro, e que nos intervalos se entretém com passatempos triviais, perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria, como quem sempre anda a cavalo acaba esquecendo como se anda a pé. Este, no entanto, é o caso de muitos eruditos: leram até ficar estúpidos. Porque a leitura contínua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais que um trabalho manual contínuo, já que neste ainda é possível estar absorto nos próprios pensamentos. (p. 17 e 19)
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